Durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, o senador Sergio Moro (União Brasil–PR) protagonizou um embate tenso com o empresário Igor Dias Delecrode, presidente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP), investigado por suposto envolvimento em um esquema de desvios ilegais em aposentadorias e fraudes em autorizações de descontos associativos.
No início de sua fala, Moro ressaltou o direito constitucional ao silêncio, mas advertiu o depoente sobre a gravidade das suspeitas que recaem sobre ele e sua entidade. O senador apontou que a AASAP teria movimentado cerca de R$ 63 milhões entre julho de 2024 e março de 2025, oriundos de descontos aplicados em nome de 1.222.637 aposentados e pensionistas — dos quais, segundo dados da investigação, quase 100% negam ter autorizado os débitos.
“Essa também é uma chance do senhor se exonerar”, afirmou Moro, dirigindo-se a Delecrode, ao explicar que a recusa em responder poderia reforçar a desconfiança sobre sua conduta. O parlamentar questionou diretamente: “O senhor ou a AASAP pagou propina a servidores do INSS, direta ou indiretamente, sim ou não?”
Diante da pergunta, o empresário permaneceu em silêncio, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito de não se autoincriminar durante o depoimento.
Moro, entretanto, insistiu na cobrança de esclarecimentos, lembrando que a AASAP e seus sócios são apontados como beneficiários de descontos associativos fraudulentos e que a empresa é investigada por ter desenvolvido um sistema próprio de biometria supostamente utilizado para forjar assinaturas de beneficiários.Visivelmente inconformado, o senador afirmou:
“Veja, se não pagou, é muito simples o senhor responder que não. Quem tem que provar é a acusação. Mas quando se faz uma pergunta dessa e o senhor não responde, o que a população brasileira vai pensar?”
Ao final, Moro comparou a situação à sua experiência de duas décadas como magistrado:
“Interroguei traficantes e ladrões do erário, e muitos respondiam, inocentes ou culpados. Mas quando alguém não tem uma boa história, fica em silêncio. É legítimo, mas, em uma CPMI televisionada, o senhor está mostrando à população que não tem resposta.”
O depoimento manteve-se sob clima de tensão, marcando mais um capítulo das investigações sobre fraudes em descontos indevidos em benefícios do INSS, que seguem em andamento na CPMI.




























