O Hezbollah pode estar ampliando seu foco para a América Latina com o objetivo de fortalecer sua capacidade financeira por meio do narcotráfico e de redes ilícitas já estabelecidas no continente. O alerta foi feito por Marshall Billingslea, ex-secretário assistente para o Financiamento do Terrorismo do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, durante audiência no Comitê do Senado dos EUA sobre Controle Internacional de Narcóticos, realizada nesta segunda-feira (21/10).
Segundo Billingslea, a organização xiita libanesa — designada como grupo terrorista pelos Estados Unidos — enfrenta fortes impactos estruturais com a guerra no Oriente Médio, além de incertezas permanentes sobre o financiamento fornecido pelo Irã, seu principal patrocinador. Esse cenário, afirma ele, pode incentivar uma guinada ainda maior para atividades lucrativas fora do Oriente Médio, com especial interesse no Hemisfério Ocidental.
“Com a infraestrutura do Hezbollah em ruínas e com o financiamento instável vindo de Teerã, eles podem buscar fortalecer laços com cartéis de drogas e operar mais livremente na América Latina”, declarou o ex-funcionário do Tesouro.
Venezuela como centro de apoio e refúgio
Billingslea apontou diretamente o regime de Nicolás Maduro como um dos maiores facilitadores do Hezbollah na região. Ele classificou Caracas como um “refúgio disposto”, oferecendo suporte operacional, documentos falsificados, rotas de tráfico de drogas e articulação política regional para emissários ligados ao grupo.

Além disso, o ex-assessor do governo Donald Trump sugeriu que o regime venezuelano utiliza recursos obtidos em operações ilícitas para financiar movimentos e campanhas políticas de esquerda na América Latina, citando nominalmente Brasil, Cuba, Nicarágua e Colômbia como países beneficiários da influência chavista.
“O regime que espalhou o socialismo na América Latina é o venezuelano”, afirmou.
Expansão silenciosa e preocupações internacionais
A cooperação entre facções criminosas latino-americanas e o Hezbollah é alvo de monitoramento contínuo de serviços de inteligência ocidentais há pelo menos duas décadas, especialmente na Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) — apontada por autoridades internacionais como um dos principais pontos de atuação financeira do grupo, envolvendo contrabando, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
Agências de segurança dos EUA também alertam para a possibilidade de avanço de células ligadas ao Hezbollah em regiões controladas por cartéis poderosos, especialmente Venezuela e México, assim como em áreas com presença reduzida do Estado, que favorecem circulação de capitais ilícitos.




























