Deputado cobra respostas e acusa silêncio de “deboche autorizado pelo STF”
A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS desta semana foi marcada por um dos momentos mais tensos desde o início dos trabalhos. O deputado Marcel van Hattem (NOVO-RS) confrontou o empresário Igor Dias Delecrode, investigado por suposto envolvimento em um esquema de fraudes e desvios milionários de aposentadorias, em um embate que expôs o clima de indignação no plenário.
O parlamentar iniciou a fala questionando o depoente sobre a substituição na presidência da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP) — entidade que teria recebido valores sob suspeita de origem ilícita. Segundo as investigações, o posto antes ocupado por Delecrode foi assumido por Giovanni Cardoso.
“Quem é Giovanni Cardoso? O senhor o conhece?”, perguntou Van Hatten.
O investigado, amparado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe concedeu o direito de permanecer em silêncio, recusou-se a responder.
“Deputado, respeitosamente, vou permanecer em silêncio”, declarou Delecrode.
A resposta provocou reação imediata de Van Hatten, que classificou o silêncio como um “deboche autorizado pelo STF”.
“Estou perguntando algo elementar — se ele conhece ou não quem o substituiu! É um absurdo que se recuse a responder a uma pergunta tão básica”, protestou o parlamentar.
Durante a fala, Van Hatten também mencionou o nome de Felipe Macedo Gomes, apontado como pessoa de confiança de Delecrode, a quem o empresário teria concedido procuração para administrar as entidades após deixar o cargo. Segundo o deputado, Felipe Macedo teria aberto uma empresa suspeita de lavagem de dinheiro de aposentados.
“Isso é uma ofensa a quem trabalha de verdade! Chamar de empresário alguém envolvido nesse tipo de esquema é desrespeitar quem põe pão na mesa todos os dias”, declarou Van Hatten, em tom de revolta.
O presidente da CPMI interveio brevemente, pedindo cautela nos termos utilizados, mas o deputado manteve a crítica, ressaltando a gravidade das acusações e o dever de expor o caso à sociedade.
“Estamos tratando de um investigado por crimes muito sérios. É inadmissível que se refugie no silêncio diante de fatos tão graves”, afirmou.
A intervenção de Van Hatten tornou-se um dos momentos mais duros da CPMI que investiga fraudes em descontos associativos e desvios em benefícios do INSS, que teriam lesado mais de um milhão de aposentados e pensionistas em todo o país. O caso envolve valores superiores a R$ 60 milhões e suspeitas de falsificação de autorizações de desconto e uso indevido de dados sensíveis de beneficiários.
A postura do deputado refletiu o sentimento de frustração de parte dos parlamentares da comissão diante da estratégia de silêncio adotada pelos investigados, respaldada por decisões judiciais. O episódio também reforçou o tom de confronto político dentro da CPMI, que vem ganhando destaque pelas acusações de corrupção e desvio de recursos voltados a aposentados — um dos públicos mais vulneráveis do sistema previdenciário brasileiro.




























