Cláudio Castro revela silêncio de Lula após operação na Penha

Governador afirma que presidente não entrou em contato durante crise de segurança no Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou em entrevista ao jornalista Luiz Bacci que não recebeu contato direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois do início da grande operação policial que atingiu áreas da capital e teve repercussão nacional. Segundo Castro, quem o procurou foram ministros do Governo Federal, e não o chefe do Executivo.

Na sequência de perguntas de Bacci, Castro relatou que — até aquele momento — “o presidente Lula não ligou. Nem por telefone, nem por e-mail, nem por telegrama, nada”. Ele disse ainda que manteve conversas com o ministro da Justiça, com o ministro da Casa Civil e com a ministra de Relações Institucionais, mas que não houve contato pessoal do presidente. A declaração foi registrada em vídeo e repercutiu rapidamente nas redes.

Castro avaliou a ausência do chefe do Executivo como sintomática de uma distância entre as prioridades do governo estadual e as prioridades do governo federal no enfrentamento do crime organizado. Para o governador, o Rio vive uma situação que exige coordenação ampla — e não apenas o acionamento formal das competências constitucionais. “A verdadeira guerra só se vence todo mundo junto”, disse, defendendo que ações integradas e financiamento federal são necessários para enfrentar o que chamou de “narcoterrorismo”.

O governador mencionou, na entrevista, a ADPF 635 — ação que tramita no Supremo Tribunal Federal e que trata de medidas para reduzir a letalidade policial e promover integração entre poder público e órgãos de segurança no Rio de Janeiro — como um possível instrumento capaz de exigir integração e previsão orçamentária para ações de segurança. Castro sugeriu que a decisão do STF sobre a ADPF poderia servir de “farol” para cobrar do governo federal apoio mais estruturado e financiamento ao combate ao crime.

Em tom crítico, Castro afirmou que o Executivo estadual vem assumindo postura proativa nas áreas de investigação de lavagem de dinheiro, de controle da entrada de armamentos e no combate aos pontos de abastecimento do crime, mas que isso não exime a necessidade de apoio federal efetivo. “Nenhum Estado tem condição de vencer essa guerra sozinho”, afirmou, reforçando que as vitórias locais dependem de articulação com a União.

A declaração do governador ocorre num contexto de forte tensão pública: a operação policial na Penha e em outras áreas teve grande repercussão e altos custos humanos e políticos — fato citado por Castro durante o depoimento — e alimenta o debate sobre competências, responsabilidades e coordenação federativa na segurança pública. Observadores políticos e especialistas em segurança veem na falta de contato direto do presidente um episódio simbólico que alimenta a narrativa de desalinhamento entre esferas de governo.

No diálogo com Luiz Bacci, o governador foi direto ao ponto: perguntou-se se havia expectativa de ligação ou visita presidencial e respondeu que, apesar de contatos ministeriais, o telefonema do presidente não veio. Castro disse ainda que imaginava a possibilidade de uma visita presidencial ao Rio e que houve interlocuções de ministros e membros da comissão, mas não um contato pessoal do presidente.

O que muda com a ADPF 635

A ADPF 635, ajuizada originalmente para tratar da letalidade policial e das operações em favelas do Rio de Janeiro, tem decisões e despachos que tratam da elaboração de um plano de redução da letalidade e da necessidade de medidas coordenadas entre Estado e União — inclusive com previsão de envio de informações à Casa Civil e de discussão sobre financiamento e integração de políticas. Castro citou essa arguição como referência para exigir maior cooperação e recursos federais. Para quem escreve sobre segurança pública, a ADPF é ponto central para entender exigências constitucionais e possibilidades de intervenção jurídica-estrutural no tema.

Contexto político e repercussão

A reação pública à declaração tende a agravar o confronto político entre o governo estadual e o federal: aliados do governador exploram o episódio como prova de negligência do Palácio do Planalto, enquanto interlocutores do Executivo federal podem argumentar que diferentes canais formais de comunicação já foram acionados (ministros e equipes técnicas). Em termos práticos, o episódio aumenta a pressão por um gesto político — seja uma visita, uma nota mais contundente do presidente ou medidas concretas de cooperação — que possam sinalizar alinhamento no combate à violência

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