Na quarta-feira, 10 de setembro de 2025, a França viveu um dia de intensos protestos organizados pelo movimento “Bloquons tout” (“Bloqueiem tudo”), que buscava paralisar o país em resposta às recentes medidas de austeridade propostas pelo governo. O movimento, inicialmente formado por grupos de direita, ganhou apoio de facções de esquerda e extrema-esquerda, refletindo um descontentamento generalizado com o sistema político francês.
O movimento “Bloquons tout” surgiu nas redes sociais em maio de 2025, inicialmente entre círculos soberanistas, e se descreve como um coletivo cidadão apartidário. Ganhou força após o anúncio do orçamento de 2026 pelo então primeiro-ministro François Bayrou, que incluía cortes significativos em serviços públicos, congelamento de pensões e eliminação de dois dias feriados nacionais. Essas medidas geraram ampla indignação, especialmente entre as classes populares e médias.

Os protestos ocorreram em diversas cidades, incluindo Paris, Marselha, Rennes, Nantes e Toulouse. Em Paris, um restaurante no bairro de Les Halles foi incendiado durante os protestos, levando à evacuação do local e ao fechamento de centros comerciais próximos. Além disso, o Museu de Orsay e parte do Museu do Louvre foram temporariamente fechados para evitar danos.
Em outras cidades, como Toulouse, Marselha e Rennes, foram registrados bloqueios de ruas e confrontos com a polícia. Em Toulouse, um incêndio próximo à estação ferroviária interrompeu temporariamente os deslocamentos entre Toulouse e Auch.

A Vinci, empresa concessionária de autoestradas, relatou protestos e interrupções no trânsito por toda a França, incluindo Montpellier, Nantes e Lyon.

O governo francês, agora liderado por Sébastien Lecornu, mobilizou 80 mil agentes de segurança em todo o país para conter os protestos. Apesar dos esforços, as manifestações resultaram em 473 detenções e mais de 800 atos de bloqueio ou manifestação, conforme o Ministério do Interior. Em Paris, cerca de 200 pessoas foram presas, e 13 policiais ficaram feridos durante os confrontos.
O movimento “Bloquons tout” convocou uma nova jornada de protestos para o dia 18 de setembro, indicando que o descontentamento popular continua a crescer. O novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, enfrenta o desafio de restaurar a confiança pública e lidar com uma situação política cada vez mais instável.