O aterro sanitário de Goiânia voltou ao centro das discussões ambientais após vistoria realizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e reunião com o Ministério Público de Goiás (MPGO). Enquanto técnicos apontaram falhas estruturais graves, a Prefeitura defendeu os investimentos já realizados e o MP cobrou mais transparência e documentação oficial.
De acordo com a analista ambiental Adjane Damasceno e o superintendente de licenciamento da Semad, Ialdo de Queirós, a vistoria não atendeu às expectativas da pasta. Entre os problemas destacados estão a ausência de recobrimento dos resíduos, falhas na drenagem de águas pluviais e falta de pedido formal de licenciamento. Segundo Ialdo, parte dos documentos entregues pela Prefeitura não tem validade técnica e não refletem a real situação do aterro. “Visualmente, ainda há lixo exposto, aves sobrevoando e mau cheiro perceptível. Os pontos centrais seguem em aberto”, afirmou.

O prefeito Sandro Mabel (UB), por sua vez, defendeu a atual gestão e rebateu críticas. Segundo ele, desde o início de sua administração já foram investidos mais de R$ 14 milhões em máquinas, monitoramento e melhorias estruturais. O gestor destacou que a Prefeitura recusou a proposta de enviar o lixo para aterros privados, medida que custaria R$ 10 milhões a mais por mês, e optou por aplicar os recursos na recuperação do aterro público. “Estamos implementando tecnologias modernas, monitoramento do chorume, estação de tratamento e uma estrutura inédita em Goiânia. Hoje, 58% das exigências ambientais já estão cumpridas, e os demais pontos estão em andamento”, declarou.
O prefeito também afirmou que não há risco ambiental e que o chorume é tratado e enviado à Saneago para complementação. Além disso, ressaltou a implantação de um viveiro com capacidade de 200 mil mudas anuais, reafirmando que Goiânia terá um aterro de referência.
O Ministério Público reconheceu avanços em comparação com gestões anteriores, mas reforçou a necessidade de formalização e transparência. O promotor Juliano de Barros destacou que as melhorias ainda não foram comprovadas por documentos e relatórios técnicos. “O município escolheu o caminho mais difícil, que é recuperar o aterro público, mas precisa apresentar cronogramas, contratações e projetos claros. Só discurso não basta”, afirmou.
O debate entre o prefeito e o MP foi marcado por divergências. Enquanto Mabel assegurou que a cobertura diária e o monitoramento estão em andamento, o promotor insistiu que há problemas visíveis de mau cheiro e resíduos expostos. Para ele, a solução passa pela formalização técnica e pelo licenciamento ambiental da estrutura e da estação de tratamento de chorume.
O caso segue em análise e deve se intensificar nos próximos meses, com a expectativa de novos relatórios e apresentação de documentos oficiais por parte da Prefeitura.