Após o encontro com Donald Trump na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a mirar suas críticas no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reacendendo o ambiente de polarização política no país. Em entrevista após a reunião, Lula afirmou que as condenações relacionadas aos atos de 8 de janeiro foram “sérias” e “baseadas em provas contundentes”, e chegou a alegar que teria havido um suposto plano para assassinar a ele, seu vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
A declaração, sem fundamento, foi vista como uma tentativa de reforçar a narrativa de legitimidade do julgamento e, ao mesmo tempo, responder indiretamente ao desconforto gerado pela fala de Trump dias antes. O ex-presidente norte-americano, durante o encontro bilateral, havia elogiado Bolsonaro, chamando-o de “um homem honesto”, o que deixou Lula visivelmente constrangido diante da imprensa internacional.
Em resposta, o petista afirmou que Bolsonaro “faz parte do passado” e que “era praticamente nada”, minimizando a relevância do seu principal adversário político. A fala, no entanto, acabou produzindo o efeito oposto: reavivou as discussões sobre a postura do atual governo diante da oposição e levantou questionamentos sobre a coerência do discurso presidencial.
Ao longo da entrevista, Lula buscou se posicionar como líder de diálogo e tolerância, mas suas declarações acabaram evidenciando uma contradição recorrente. Enquanto prega pacificação e união, mantém o tom de ataque contra seus opositores — o que reforça a percepção de que o governo ainda se sustenta em narrativas de confronto político.
Outro ponto que chamou atenção foi a tentativa de Lula em resgatar comparações históricas. Ele declarou que teve “melhor relação com George W. Bush” do que com outros presidentes americanos, mesmo reconhecendo que recusou o convite para apoiar a guerra do Iraque em 2003. O comentário foi interpretado por analistas como um gesto de revisionismo diplomático, usado para reforçar uma imagem de pragmatismo político, ainda que contrastante com a prática atual.
Ao insistir em tratar Bolsonaro como “irrelevante”, Lula acaba por confirmar que o ex-presidente continua sendo uma figura central no debate político brasileiro. A tentativa de apagá-lo do cenário apenas renova a atenção sobre o antagonismo que molda a política nacional desde 2018. E, enquanto o governo tenta se firmar sobre uma agenda de resultados, o presidente volta a alimentar a mesma polarização que diz querer superar — em um ciclo que parece se repetir a cada discurso.




























