Na manhã de 7 de setembro, a Polícia Militar de Goiás realizou uma operação com forte presença no Setor Oeste de Goiânia para desocupar um prédio ocupado por cerca de 20 famílias vinculadas ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
A mobilização — chamada Ocupação Pedro Nascimento — integrava a campanha nacional “Não há Independência nem Soberania sem Direito à Moradia” .
A ação policial encontrou liderança ativa: Guilherme Darques (coordenador do MLB), Gabryel Henrici (presidente da Unidade Popular — UP — em Goiás) e Guilherme Martins (militante da UP) foram presos. Dois assinaram Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e um pagou fiança para ser liberado.

A resposta policial contou com aparatos táticos robustos: Tropa de Choque, Batalhão Especializado de Policiamento em Eventos (Bepe), Batalhão do Giro, Caminhão de Bombeiro e até um helicóptero da PM. O MPTOUPU (ligado à UP) criticou a operação como desproporcional, afirmando que a ocupação era pacífica e as famílias humildes — e que as lideranças foram presas mesmo estando fora do prédio por estarem em negociação no momento da intervenção. Também foi alegado que não havia ordem judicial formal para reintegração de posse.
Os proprietários do imóvel se defenderam, afirmando que o edifício — anteriormente alugado à UEG — não estava abandonado e estava em preparação para receber uma torre residencial. Ainda ressaltaram que todos os impostos estavam em dia .
Embora o debate sobre moradia seja legítimo e relevante — especialmente diante do grave déficit e de imóveis ociosos no país —, apoiar movimentos como o MLB sem considerar os meios usados pode significar uma linha tênue entre ativismo e criminalidade. Ocupações sem negociação e sem respaldo judicial abrem brechas para conflitos sociais sombrios, violação da propriedade privada e instabilidade nas cidades.


Neste ciclo, há também uma crítica pertinente à Unidade Popular e aos movimentos estudantis que, em ocasiões semelhantes, traçam caminhos que flertam com práticas ilícitas. No caso mais recente, ocorreu uma ação de invasão de prédio, seguida de resistência às negociações e a suposta utilização de estratégias — como a retirada em massa de lideranças — que se aproximam dos métodos adotados por organizações criminosas.
Há, ainda, um histórico preocupante: em mobilizações estudantis de 2016 em Goiás, surgiram denúncias de vandalismo, consumo de drogas, desordem e falta de controle social nas ocupações. Em algumas ocupações, relatos indicaram uso de drogas e comportamentos indevidos em ambientes que deveriam ser de confronto político e não de delinquência .
Um autor chegou a refletir:
“O consumo de drogas […] tem suas raízes nas insuportáveis condições de existência […] as drogas têm sido utilizadas como uma fuga para outro mundo menos cruel” .
Essa realidade demanda reflexão séria. Movimentos sociais que se dizem estudantis precisam garantir métodos democráticos, transparentes e civilizados — não valer-se de ocupações que se caracterizam como crime contra o patrimônio ou de atos que escapam à legalidade.
Diante desse quadro, é fundamental que vozes civis, estudantis e políticas se levantem contra esses movimentos que ameaçam a ordem. A juventude, em especial, precisa ser canal de construção e não de destruição, escolhendo o caminho da democracia, da lei e do respeito às instituições.
A omissão só fortalece práticas que colocam em risco o tecido social. Por isso, líderes comunitários, representantes políticos, universidades e cidadãos conscientes devem assumir o papel de contraponto firme e organizado, mostrando que lutar por direitos nunca pode significar atacar a lei, a propriedade ou a paz social.
A operação da Polícia Militar em Goiânia não foi apenas uma reintegração de posse. Foi também um recado claro: a lei não pode ser desafiada por grupos que se travestem de movimentos sociais para praticar atos ilegais. Cabe agora à sociedade, em todas as suas esferas, unir forças para garantir que o debate democrático não seja sequestrado por agendas radicais.