Após megaoperação que deixou mais de cem mortos, Cláudio Castro recebeu Alexandre de Moraes no Centro de Comando e defendeu a autonomia do Estado em ações de segurança.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), recebeu nesta segunda-feira (4) o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), em meio às repercussões da megaoperação policial que resultou em ao menos 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão.
O encontro foi solicitado após a escalada de críticas sobre o uso da força nas ações de combate ao crime organizado. Durante a reunião, Moraes exigiu detalhamento minucioso da operação, incluindo quantidade de agentes mobilizados, tipos de armamentos empregados e informações sobre possíveis violações de direitos humanos. A cobrança foi interpretada como um movimento de endurecimento do STF no acompanhamento de operações estaduais — especialmente no Rio, que figura no centro da ADPF 635, conhecida como a “ADPF das Favelas”, que impõe restrições e protocolos mais rígidos para incursões policiais em comunidades.
De acordo com fontes ouvidas, o início da reunião foi descrito como tenso, mas o diálogo “acabou bem”, após a apresentação dos resultados da Operação Contenção e dos dados técnicos de segurança.
Castro fez questão de destacar o caráter integrado e transparente das forças estaduais, ressaltando que o CICC se tornou um hub de inteligência e coordenação entre mais de 20 órgãos de segurança, com monitoramento em tempo real e mais de 15 mil câmeras operacionais.
“O CICC é a prova de que segurança pública se faz com investimento, união, planejamento e ação”, declarou o governador em publicação nas redes sociais.
Ainda assim, o episódio reacendeu o debate sobre os limites da atuação do STF na segurança pública dos Estados. Críticos apontam que Alexandre de Moraes estaria extrapolando sua competência constitucional, interferindo diretamente em decisões operacionais das polícias sob o argumento de controle jurídico e de direitos humanos.
Governadores e especialistas em segurança argumentam que, ao centralizar exigências e relatórios, o Supremo tolhe a agilidade necessária ao enfrentamento do crime organizado, impondo uma “lente judicial” sobre uma realidade que, segundo eles, demanda respostas imediatas, estratégicas e locais.
Por outro lado, defensores do acompanhamento do STF sustentam que as operações precisam respeitar os parâmetros legais e humanitários, evitando o que chamam de “licença para matar” em territórios vulneráveis. O impasse entre autonomia estadual e controle judicial evidencia a complexidade do tema e antecipa novos embates institucionais sobre o papel das forças de segurança no país.




























