O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), saiu em defesa do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) após as declarações feitas por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nas redes sociais, em que o parlamentar paulista acusou Nikolas de articular uma dissidência dentro do PL para se afastar da influência do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A posição pública do governador foi manifestada em entrevista recente, na qual Zema procurou relativizar o ataque e atribuir o tom das falas ao momento pessoal vivido por Eduardo nos Estados Unidos. A avaliação de Zema seguiu por um duplo gesto: primeiro, o reconhecimento das qualidades políticas do deputado mineiro; depois, a crítica suave ao modo como a acusação foi formulada.
Em tom de conciliação, o governador sublinhou sua relação cordial com ambos os parlamentares e afirmou que a declaração do filho do ex-presidente “não foi muito feliz”, ressaltando a necessidade de ponderação em debates públicos que podem inflamar divisões partidárias. “Nikolas é um excelente deputado. Eu me dou muito bem com ele. Com o Eduardo, já estive diversas vezes, também me dou bem. Acho que ele não foi muito feliz nessa colocação”, disse Zema.
Além dessa crítica pontual, Zema aventou uma explicação para o teor das declarações: segundo o governador, o contexto pessoal de Eduardo — que tem passado temporadas nos Estados Unidos e convive com a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro — poderia estar influenciando suas manifestações públicas. Na visão do governador, esse “momento” justificaria, em parte, que haja falas menos pertinentes, e por isso pediu que se conceda algum desconto diante da conjuntura particular do deputado paulista.
A acusação de Eduardo, posta nas redes sociais, desenha um cenário de fissura interna no bolsonarismo: conforme a publicação, Nikolas estaria liderando um movimento de políticos mais jovens para “se livrar” de Bolsonaro, mantendo, contudo, a base eleitoral bolsonarista — estratégia que, na leitura do deputado paulista, buscaria autonomia sem perder os votos do núcleo original.
A repercussão do episódio acentuou debates e reações tanto entre apoiadores quanto dentro do próprio PL, evidenciando uma disputa por influência e posicionamento à medida que atores do campo conservador realinham estratégias para o ciclo eleitoral vindouro.
Do ponto de vista estratégico, o gesto público de Zema funciona como tentativa de estabilizar um terreno político local e regional: ao defender Nikolas, o governador não só resguarda um quadro de seu estado como também procura amortecer um confronto que poderia ampliar cisões em uma base ampla de oposição ao PT. A intervenção centra-se, portanto, tanto na dimensão pessoal das relações entre líderes quanto na dimensão pragmática da manutenção de alianças eleitorais.
O episódio ilustra, em síntese, duas dinâmicas simultâneas da política contemporânea brasileira: a volatilidade das agendas que se expressam nas redes sociais e a persistente importância das interlocuções presenciais — entrevistas e declarações oficiais — para mitigar crises internas.
Enquanto Eduardo Bolsonaro amplificou uma versão de conflito e renovação interna, Romeu Zema preferiu apontar para a cautela e para a preservação de laços políticos, solicitando menos retórica de confronto e mais ponderação nas posições públicas.




























