O Policial e Analista Rodrigo Pimentel afirma que residentes da Penha pedem permanência do BOPE; segundo ele, há contraste entre a voz da comunidade e as críticas de ativistas urbanos.
Rodrigo Pimentel apresentou, em pronunciamento, um relato enfático sobre a percepção de parte dos moradores da comunidade da Penha em relação às operações do Batalhão de Operações Especiais (BOPE). Conforme a narrativa exposta pelo analista, depoimentos e imagens encaminhadas por residentes locais apontariam para um apelo claro: que as forças de segurança não se retirem enquanto não for restabelecida a ordem e a segurança cotidiana. Pimentel sustenta que essa posição popular estaria em nítido contraste com as críticas formuladas por ativistas de esquerda, que, em sua avaliação, comentam a distância, a partir de bairros de classe média e alta, sem experiência direta da realidade vivida nas favelas.
No cerne do discurso, Pimentel enfatiza o sofrimento cotidiano imposto pelo domínio do tráfico: a imposição de barricadas nas vias, a presença ostensiva de indivíduos armados, episódios de assédio contra mulheres e meninas, e a rotina de humilhação que impede a normal fruição do descanso e das mínimas liberdades domésticas.
“O morador — disse ele — não suporta a humilhação de ter uma barricada na porta da sua casa. Não suporta ver sua filha assediada por um rapaz com um fuzil. Quer acordar mais tarde no domingo, mas o Comando Vermelho coloca um baile que impede o descanso.” A partir desses relatos, o analista conclui que, para esses moradores, a presença continuada do BOPE é vista como condição necessária para romper o ciclo de dominação do crime organizado.
Pimentel também qualificou a oposição às operações como um fenômeno de desconexão social e espacial: “O ativista de esquerda que mora no Leblon, no Cosme Velho, em Laranjeiras, tá morrendo de ódio da operação. E o morador, o principal interessado, ele não quer que o BOPE saia”, afirmou, ao pontuar que a divulgação de nomes de fontes poderia expô-las a retaliação, razão pela qual preservou identidades em alguns casos. Segundo ele, imagens e mensagens recebidas demonstrariam ainda o desespero de moradores que temem represálias por parte de facções se as ações estatais cessarem.
A fala reacende questões sensíveis e multilaterais que atravessam a agenda pública: a eficácia e os riscos das operações de segurança em territórios controlados por facções; a proteção de civis e de fontes informantes; e o embate entre duas narrativas sobre a intervenção estatal — uma que valoriza a presença policial como instrumento de proteção da população local e outra que denuncia violações de direitos humanos e danos colaterais decorrentes de ações militares em áreas urbanas densamente povoadas. Em termos práticos, o argumento de Pimentel ilustra um dilema recorrente: moradores que pedem segurança imediata e presença efetiva das forças de segurança versus crítica pública que questiona métodos e consequências dessas operações.
O episódio também sublinha a necessidade de medidas complementares à ação repressiva: garantias de proteção às testemunhas e a moradores que se manifestam, políticas públicas de reintegração e assistência às comunidades afetadas e avaliação independente dos resultados e impactos das operações. Observadores e especialistas em segurança pública costumam apontar que, isoladamente, operações de grande impacto não resolvem problemas estruturais — mas, no relato trazido por Rodrigo Pimentel, a urgência sentida por parte da população local coloca a continuidade da atuação policial como demanda imediata e visceral.
