PUC-RS cancela evento após escritor comemorar a morte de Charlie Kirk

A decisão da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) de cancelar o espetáculo “Brasil: Pecado Capital”, com o escritor Eduardo Bueno — conhecido como Peninha — é exemplar e necessária. Ao rescindir o contrato de locação do salão onde aconteceria o evento, marcado para 14 de setembro de 2025, a universidade mostrou que instituições de ensino superior também precisam manter limites éticos claros quando confrontadas com manifestações que ultrapassam o mero debate ideológico.

Eduardo Bueno havia divulgado um vídeo nas redes sociais em que celebrava a morte do ativista norte-americano Charlie Kirk. Entre os trechos mais chocantes, afirmou: “é terrível um ativista ser morto por ideias, exceto quando é Charlie Kirk”, e “tem duas filhas pequenas, que bom pras filhas dele, né”. Tais palavras não se configuram como liberdade de expressão, mas como incitação ao ódio e desrespeito à dignidade humana — valores que devem, por definição, ser repelidos por espaços que pregam a educação, o pensamento crítico e o respeito à cidadania.

A PUC-RS, em sua nota oficial, reforçou que repudia “qualquer manifestação contrária à vida e à dignidade humana” e afirmou que “tal postura não condiz com sua cultura nem com seus valores institucionais”. Além disso, a universidade deixou claro que o evento não fazia parte de sua programação institucional, sendo promovido por terceiros, o que torna possível essa decisão sem ferir os compromissos acadêmicos da instituição.

É fundamental que instituições com o perfil da PUC-RS deixem claro que liberdade de expressão não significa ausência de responsabilidade. Dizem respeito à democracia os espaços onde opiniões possam ser expressas, mas também onde o discurso ofensivo, que celebra violência ou morte, encontre limite. O cancelamento do evento demonstra exatamente esse ponto: escolhas têm consequências, e dizer “bom para as filhas dele” em relação à morte de alguém é algo que vai além de uma opinião controversa — é um ataque direto à empatia, à decência básica.

Outro aspecto importante: permitir que tais manifestações sejam promovidas em ambiente universitário — ou usando seus espaços — sem reação institucional eleva o risco de normalização desse tipo de discurso entre estudantes, professores e colaboradores. Essa normalização corroería o ambiente de convivência acadêmica saudável, de diversidade de pensamento, mas com respeito às pessoas humanas, independentemente de posicionamentos ideológicos.

Finalmente, a atitude da PUC-RS também serve de parâmetro para outras instituições públicas e privadas. Em um momento em que polarização política, discurso de ódio e intolerância proliferam online, cabe às organizações responsáveis mostrar que compromissos éticos têm precedência sobre manifestações espalhafatosas ou provocativas. A decisão da PUC-RS, portanto, está dentro do que se espera de uma instituição séria: preservar sua integridade moral, sua credibilidade e seu papel educador.

Bueno afirmou que a PUC agiu dentro de seu direito e de suas convicções como instituição “conservadora” e negou que tenha ocorrido censura. Entretanto, seu posicionamento continua carregado de retórica inflamável e polarizadora. Outro evento do escritor, programado para a Livraria da Travessa em Porto Alegre, também foi cancelado no último sábado (13) — decisão, segundo ele, tomada em comum acordo com a livraria. Em sua retratação, que chamou de um “rosário de poréns”, Bueno alegou ter sido alvo de um movimento orquestrado por políticos da “extrema direita” para desviar a atenção da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado.

Ele ressaltou ainda que não removeu o vídeo original, atribuindo a exclusão ao próprio Instagram, e criticou a plataforma por “nunca ter derrubado posts de extrema direita muito mais nocivos e perigosos”, chamando Kirk de “criatura”. Toda a narrativa do escritor revela uma constante tentativa de transformar episódios individuais em símbolos de conflito político mais amplo, alimentando deliberadamente a polarização e o embate ideológico, em vez de assumir responsabilidade pelo conteúdo ofensivo que divulgou.

Marcado:

Siga nossas Redes Sociais

Entre em nosso Grupo no Whatsapp

Após a primeira aparição pública de Zé Felipe e Ana Castela em clima de romance, nesta segunda-feira (29), quem também chamou a atenção nas redes sociais foi a influenciadora e empresária Virginia Fonseca. Ex-esposa do cantor, Virginia publicou uma mensagem enaltecendo o papel dos filhos em sua vida, gesto que muitos internautas interpretaram como uma...

Veja Mais Notícias