É com imensa tristeza que o Brasil se despede de Angela Maria Diniz Gonsalves, mais conhecida como Angela Ro Ro, que faleceu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, no Rio de Janeiro. Dona de uma das vozes mais marcantes e autênticas da música popular brasileira, ela lutava contra uma infecção pulmonar grave desde junho, quando foi internada no Hospital Silvestre — onde, infelizmente, contraiu uma infecção hospitalar e sofreu parada cardíaca após procedimento cirúrgico.
Vida e Legado
Angela começou muito cedo sua imersão na música: apaixonada por piano, estudou clássicos desde os cinco anos e foi inspirada por nomes como Ella Fitzgerald, Jacques Brel e Maysa.
Sua jornada teve momentos de luta e poesia. Nos anos 70, chegou a viver na Europa, cantando em pubs de Londres para sobreviver, antes de se firmar como artista no Brasil. Seu álbum de estreia, Angela Ro Ro (1979), trouxe clássicos como “Gota de Sangue”, “Amor, Meu Grande Amor” e “Tola Foi Você” — faixas que entraram para o repertório essencial da MPB.
Voz e Coragem
Ela foi uma das primeiras artistas brasileiras a assumir publicamente sua identidade LGBT — um gesto de coragem rara na época — e enfrentou os desafios com talento e postura firme. A questão ganhou atenção com seu álbum Escândalo!, lançado em 1981, que sintetizou seu enfrentamento público e sua força artística.

Fim de uma voz única
Sua luta final foi pública: por meio das redes sociais, pediu ajuda ao público enquanto enfrentava limitações financeiras e de saúde. O fim chegou após três meses de internação e deve servir de alerta para a fragilidade que muitos artistas enfrentam, mesmo após trajetórias de sucesso.
O que fica
Angela Ro Ro deixa uma obra que transpira emoção, autenticidade e resistência — e um legado que ultrapassa gerações. Sua voz rouca e profunda continuará ecoando na cultura brasileira como símbolo de liberdade, coragem e poesia.