O governo federal está preparando o lançamento do Plano Clima, que será apresentado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), prevista para novembro em Belém (PA). No entanto, o setor agropecuário brasileiro está expressando preocupações significativas em relação ao conteúdo do plano, alegando que ele atribui injustamente ao agronegócio a maior responsabilidade pelas emissões de gases de efeito estufa no país.
O Plano Clima tem como objetivo alinhar o Brasil às metas do Acordo de Paris, propondo uma redução de 59% a 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, com a meta de alcançar a neutralidade climática até 2050. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) argumenta que, com base em evidências científicas, o setor agropecuário é responsável por uma parte significativa das emissões, especialmente devido ao desmatamento e às práticas agrícolas intensivas. O ministério destaca que é essencial que o setor deixe de ser um dos maiores emissores e passe a ser uma força central na redução dessas emissões.
Representantes do agronegócio brasileiro contestam essa visão, afirmando que o plano não reconhece adequadamente os esforços do setor em práticas sustentáveis, como a integração lavoura-pecuária-floresta e a recuperação de pastagens degradadas. Eles argumentam que, ao atribuir ao agro a responsabilidade pelo desmatamento privado, o plano ignora as contribuições positivas do setor para a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, destacam que a versão atual do plano não reflete com precisão o balanço entre emissões e remoções de carbono realizadas pelo setor.
Em resposta, o setor agropecuário está mobilizando esforços para influenciar a versão final do Plano Clima. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) tem organizado audiências públicas e reuniões com representantes do governo para discutir as distorções percebidas no plano. Além disso, entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estão preparando “casas do agro” em Belém para apresentar ao público e aos participantes da COP 30 as iniciativas sustentáveis do setor.
O debate em torno do Plano Clima destaca a necessidade de um equilíbrio entre as metas climáticas e o reconhecimento das práticas sustentáveis do setor agropecuário. Especialistas sugerem que é crucial que o plano reflita com precisão as contribuições do agro para a mitigação das mudanças climáticas, evitando atribuições unilaterais de responsabilidade. A versão final do plano está prevista para ser divulgada em outubro, antes da COP 30, e será fundamental para determinar o papel do Brasil no cenário climático global.