Em pronunciamento na 80ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23/09/2025), o presidente dos Estados Unidos Donald Trump fez severas críticas à Organização das Nações Unidas. Ao afirmar que encerrou sete conflitos internacionais em seu governo, Trump reclamou que, apesar disso, não recebeu nenhum telefonema nem apoio formal da ONU para mediar acordos. Ele classificou a entidade global como uma instituição de retórica forte, mas de poucas ou nenhuma prática efetiva — “palavras vazias”, nas suas palavras.
Além dessas acusações, Trump também mencionou falhas operacionais visíveis durante o evento, como uma escada rolante quebrada e um teleprompter defeituoso, ironizando que esses contratempos representam simbolicamente o que ele vê como falta de capacidade prática da ONU. Ele questionou diretamente o papel da organização: “Qual é o propósito das Nações Unidas?”, insistindo que embora reconheça seu potencial, a entidade está longe de vivê-lo.
Especialistas em política internacional observam que o discurso de Trump alinha-se à sua retórica habitual de desconfiança em instituições multilaterais. Para alguns, é mais uma etapa de sua campanha em reforçar a narrativa de “liderança forte”, de soberania nacional acima de cooperação internacional, e de responsabilização política sobre questões globais.
Porém, críticos apontam que muitas das afirmações de Trump carecem de comprovação ou exageram os próprios feitos — por exemplo, sobre os “sete conflitos” encerrados — assim como desconsideram a complexidade diplomática que organismos como a ONU enfrentam.
O discurso de Trump na Assembleia Geral da ONU expõe mais do que discordâncias sobre políticas externas: evidencia um modelo de confronto retórico como estratégia internacional. Ao acusar a organização de “palavras vazias” e de inépcia concreta, ele busca reforçar sua imagem como agente de ação — contrastando, em sua narrativa, a passividade de instâncias multilaterais. Contudo, embora conquiste eco entre apoiadores que compartilham visões céticas sobre globalismo, tais declarações também correm o risco de isolar diplomática ou moralmente os EUA diante de crises globais que exigem cooperação — como migração, mudança climática e conflitos persistentes. A pergunta que fica é se a política externa assim confrontacional conseguirá lidar com os desafios práticos do século XXI, ou se deixará lacunas ainda maiores no papel das instituições internacionais.