O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2025, que seu país está preparado para enfrentar qualquer “agressão” militar vinda dos Estados Unidos, em meio a uma escalada de tensões que inclui operações navais e ataques dos americanos no sul do Caribe. Em coletiva acompanhada por autoridades militares, Maduro declarou que a Venezuela dispõe de “um exército forte e unido” e que defenderá sua soberania e independência contra qualquer ameaça externa.
As declarações ocorrem depois de episódios militares que ampliaram o clima de crise: autoridades norte-americanas afirmaram ter realizado ataques navais no Caribe que resultaram em dezenas de mortos em embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico, e Washington deslocou uma força naval e ativos aéreos para a região — movimentos que Caracas classifica como provocação e “agressão”. Fontes internacionais reportaram, por exemplo, que um ataque anterior matou 11 pessoas e que houve outras ações envolvendo embarcações e aeronaves americanas no mesmo período.
Maduro também afirmou que as comunicações com o governo dos Estados Unidos estão “largamente cortadas” e acusou Washington de justificar ações militares com pretextos ligados ao combate ao narcotráfico. Em seu discurso, o presidente venezuelano disse que a presença de navios e outras ações norte-americanas configuram uma escalada que autoriza Caracas — segundo ele, respaldada por “leis internacionais” — a se defender.
Do lado norte-americano, o governo tem apontado o envio de forças navais e operações diretas como parte de uma estratégia para combater cartéis e rotas de tráfico que, segundo Washington, operam a partir de bases na região venezuelana. Fontes internacionais também relataram o envio de caças e de meios avançados para o Caribe como reforço às operações de monitoramento e coerção. A Casa Branca e o Pentágono, embora façam anúncios públicos sobre ações específicas, vêm sendo cobrados por parte do Congresso e da opinião pública internacional por maior transparência sobre a natureza e os limites dessas operações.
A comunidade internacional reagiu com apreensão. Organismos multilaterais e chancelarias regionais apelaram por moderação e diálogo para evitar uma escalada que poderia ter consequências humanas e econômicas amplas na América Latina. Relatos apontam esforços diplomáticos discretos para manter canais abertos — mesmo que Maduro diga que as comunicações formais estejam comprometidas — e pedidos públicos por desescalada feitos por representantes da ONU e por países vizinhos.
Contexto e pontos centrais das acusações
- Desde meados de agosto e início de setembro, Washington intensificou operações navais e aeronavais no sul do Caribe, em operações que têm sido justificadas pelo combate ao tráfico de drogas. Caracas vê essas manobras como parte de uma estratégia de pressão para desgastar o regime de Maduro.
- O governo dos EUA chegou a duplicar recompensas e intensificar sanções em relação a líderes e redes que, segundo Washington, têm vínculos com o tráfico; relatos da imprensa apontam que a recompensa pela captura de Maduro foi ampliada nos últimos meses, aumentando a tensão bilateral.
- Em resposta a operações navais, Caracas mobilizou unidades da Força Armada e convocou a população e milícias aliadas a estarem em prontidão, em um discurso que mistura defesa territorial e retórica de mobilização nacional.
Riscos e impactos regionais
Especialistas consultados por veículos internacionais destacam que um confronto direto entre Estados Unidos e Venezuela — ainda que improvável como opção preferencial dos dois lados — teria efeitos imediatos e graves: interrupção de rotas comerciais, choque nos preços de commodities (incluindo petróleo), e risco de crise humanitária e de deslocamentos em massa que afetariam países vizinhos. Além disso, uma escalada militar poderia arrastar potências externas e complicar alianças diplomáticas na região.
O que vigiar nas próximas semanas
- Anúncios oficiais de Washington: avaliando se as medidas previstas serão meramente simbólicas, de sanções adicionais, ou efetivamente operacionais (novas patrulhas, bloqueios ou ataques direcionados).
- Movimentação naval e aérea no Caribe: qualquer incremento expressivo de ativos ou a ocorrência de novos incidentes em alto mar poderá elevar o risco de confrontos acidentais.
- A diplomacia internacional: esforços da ONU, de países-chave (Brasil, China, Rússia, países da União Europeia) e de blocos regionais para mediar ou pressionar por desescalada.
A retórica beligerante de Maduro e as ações militares e de inteligência desenhadas por Washington colocam a região em um momento de elevada tensão. Embora ambas as partes pareçam, por ora, interessadas em evitar um conflito aberto, as próximas decisões — operacionais e diplomáticas — serão determinantes para impedir que incidentes localizados se transformem em uma crise de consequências amplas para a América Latina. A comunidade internacional, enquanto isso, insiste na necessidade imediata de canais diplomáticos eficazes e de transparência sobre as ações militares, para reduzir o risco de erro e proteger populações civis já vulneráveis.