O Brasil vive momento de atenção redobrada à política monetária. Nesta terça-feira (23/09/2025), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano, está em um patamar que considera injustificável — e que enxerga espaço para cortes. A fala ocorre em meio à manutenção recente dos juros pelo Copom e à divulgação da ata que aponta que a Selic deve permanecer alta “por período bastante prolongado”. A seguir, o cenário, as reações e o que isso pode significar para o país — e para Goiás.
O que Haddad disse
- Haddad afirmou: “acredito que nem deveria estar em 15% ao ano”, reforçando que vê espaço para redução da Selic. Ele também comentou que boa parte do mercado financeiro compartilha dessa opinião.
- Ele defendeu o atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, dizendo que “herdou um problema” da diretoria anterior e que enfrentou uma transição complexa. Há sinais de que o diagnóstico inicial da autoridade monetária não foi suficientemente assertivo, na visão de Haddad.
- Haddad também comentou que a inflação tem caminhado para níveis mais próximos do teto da meta (que é de 4,5% ao ano) e que ele espera que em breve o cenário permita cortes.
O contexto da decisão e da ata do Copom
- A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15% ao ano, dizendo que esse nível será mantido por “período bastante prolongado” para assegurar que a inflação volte ao centro da meta.
- Fatores externos, como incertezas globais, tarifas internacionais e o comportamento do dólar, pesam para que o BC opte pela cautela. Internamente, o crescimento econômico mostra sinais de moderação.
- De acordo com projeções, a inflação em 2025 deve encerrar acima da meta ideal; para 2026 há expectativa de melhora. Isso abre espaço para que o BC comece a considerar cortes de juros, desde que os indicadores continuem favoráveis.

Reações e críticas
- A fala de Haddad foi bem recebida por parte do mercado financeiro, que já especula cortes de juros para os próximos trimestres.
- Contudo, há críticas de que pode “cortar antes da hora” se houver pressões inflacionárias inesperadas, desequilíbrios fiscais ou choques externos (como alta dos combustíveis ou desvalorização cambial).
- Especialistas alertam que, mesmo com inflação mais baixa, o custo de crédito no Brasil permanece alto: o spread bancário, taxas de juros para pessoas físicas e empresas, endividamento, tudo isso é impactado de forma lenta.
O que significa para Goiás e para o leitor
- Redução de juros significa, potencialmente, crédito mais barato: para produtores rurais, empresas do interior e para consumidores, isso pode refletir em dívidas mais acessíveis e investimentos mais viáveis.
- No entanto, se a Selic for reduzida muito rápido sem estabilidade em inflação ou em expectativas de mercado, há risco de pressão inflacionária, o que acaba prejudicando o poder de compra, especialmente em produtos de cesta básica ou que dependem de importações.
- Políticamente, essa posição de Haddad reforça o compromisso do governo com a inflação controlada, mas abre espaço para críticas de quem acha que o governo está relaxando demais ou arriscando estabilidade.
A declaração de Haddad — de que os juros “nem deveriam estar em 15%” — é tanto um alívio para quem espera estímulo econômico, quanto um alerta: corte de juros não é garantia de solução, é aposta em condições estáveis. O desafio será balancear o desejo de corte com o dever de manter a inflação sob controle.
Se os sinais continuarem bons — inflação dentro ou abaixo da meta, estabilidade fiscal e ambiente internacional favorável —, o Brasil pode estar prestes a iniciar um novo ciclo de crescimento. Se não, podemos enfrentar correções duras.